<p>Filho, onde estão os teus acusadores?<br>Não, não ficou ninguém, nem eu <br>Nem eu tão pouco te condeno<br>Vá e não peques mais</p>
<p>O inverno finalmente passou<br>O povo que andava em trevas viu a grande luz<br>Os que moravam na região das sombras viram a luz<br>E como pode ser isso?<br>A majestosa luz imponente, incontida<br>Exageradamente monumental<br>De alcance universal e efeitos permanentemente irrefutáveis</p>
<p>Ali, misteriosamente contida<br>Assombrosamente condensada, vestida de pele e osso<br>Com pequenas mãos e olhinhos apertados<br>Repousando, sereno, numa manjedoura<br>Era o filho prometido ao homem pecador<br>A promessa feita ao desgarrado<br><br>O feixe de esperança no qual se agarraram <br>homens e mulheres ao longos dos séculos de escuridão<br>A confiança depositada na história insistente <br>de um salvador, ali<br>Com pés, mãos, ganhou sorriso a incandescente luz</p>
<p>Atestada pela natureza<br>Reverenciada pelos astros<br>Aclamada pelos homens<br>Procurada pelos forasteiros<br>Perseguida pelo inimigo insolente<br>A luz estava, finalmente, entre nós<br>E vimos a sua glória como se fosse <br>o próprio filho perfeito de Deus<br>E ele na verdade o é<br>É a imagem do Deus invisível<br>O espelho perfeito do divino<br><br>Cada um de seus movimentos foi um reflexo <br>do caráter irrepreensível do Pai<br>Sua fala, um eco da vontade perfeita de Deus<br>Seus atos, uma demonstração dos juízo <br>e da misericórdia entre os homens<br><br>E isso porque foi do agrado do próprio Pai,<br>que nele habitassem toda plenitude<br>Nele, em quem todas as coisas foram feitas <br>e no qual tudo subsiste<br>O que é visível, o invisível<br>Tronos, dominações, tudo partiu dele<br>E existe por meio dele e esteve entre nós e vimos<br><br>Esteve e nós vimos a sua sabedoria deslumbrante<br>(Ainda menino, discutindo com gente já vivida)<br>Vimos a sua graça e bondade<br>(Quem mais tocaria em gente impura,<br>defenderia as mulheres e comeria com os pecadores?)<br><br>Vimos o Seu poder<br>(Sobre homens, demônios e até mesmo sobre a fúria dos mares)<br>Vimos sua santidade e pureza<br>(Quem mais bradaria com tamanho zelo em favor de Deus <br>diante de comerciantes, vigaristas, <br>sacerdotes, enganadores, ricos, corruptos?)<br><br>Ouvimos o escândalo de sua mensagem, <br>subvertendo a cabeça dos que confiavam em si mesmos<br>Deu pão aos famintos e amou, amou até o fim<br>Vimos seu amor, estava conosco o próprio amor<br>E o que fizemos com ele?<br>Nós o matamos!</p>
<p>Porque todos nós não éramos outra coisa, <br>que não inimigos mortais de Deus<br>Avessos ao seu padrão, rivais de sua bondade,<br>opositores da justiça</p>
<p>Não queríamos o seu amor, <br>nem pedimos por sua graça, mortos<br>Não pudemos oferecer outra coisa ao menino, Deus entre nós, <br>que não fosse a própria morte<br>O levamos pro madeiro, <br>pra confirmar de uma vez por todas <br>nossa terrível inimizade contra o seu ser</p>
<p>E, ali, pendurado em vergonha, rimos<br>Banqueteamos e blasfemamos contra a luz<br>Outros de nós se esconderam e o abandonaram,<br>mas nenhum de nós o amou até a morte<br><br>Enquanto pensávamos que era um pobre coitado aflito,<br>ele estava na verdade levando sobre si<br>nosso próprio castigo e miséria<br><br>Em sua carne rasgada, nossas feridas eram curadas<br>Em sua vergonha, nossa culpa extinguida<br>Por meio do sangue precioso do cordeiro mudo<br>que jorrava, nossas maldições eram exorcizadas<br>E quando recebeu o castigo misterioso <br>da ausência do próprio Pai, fomos reconciliados<br>Morreu o precioso Cristo, em vergonha, em desprezo <br>E sob a pesada mão, da mais furiosa ira esmagadora de Deus, morreu<br>O Sol se escondeu, os anjos desabaram em dor <br>E o filho se foi, morreu<br><br>Mas como poderia a morte, <br>que nada mais é que uma de suas servas, o segurar?<br>Como poderia sucumbir sob o castigo de Deus <br>aquele que suporta em si mesmo toda a sua justiça, pois é Deus<br>Como não seria perfeita e definitiva a oferta de Deus pra si mesmo?<br>Como poderia desvanecer em trevas e abismo o Sol da justiça?<br><br>Rasgando as trevas como uma cortina de seda, veio subindo a luz<br>A alvorada então raiou<br>O inverno apático se dissolve em cores<br>A morte é vencida pela vida<br>O bem triunfa sobre o mal<br>E a noite vem despontar o clarão do meio dia<br><br>Acabou!<br>Enquanto o odiávamos e matávamos, <br>ele providenciava a nossa liberdade<br>Acabou!<br>Enquanto rimos de suas dores, ele aspirou as nossa<br>Acabou!<br>Enquanto os banqueteávamos e o víamos morrer de sede,<br>ele abria uma fonte de água viva pra todo que tem sedeAcabou!</p>
<p>Enquanto abandonávamos e fugíamos de sua miséria,<br>ele buscava o seu rebanho com surpreendente amor<br>Acabou!<br>Enquanto nos escondíamos e nos envergonhávamos dele,<br>ele descia ao pântano de nossas misérias <br>e nos arrancava com poder e obstinação<br>Acabou!<br>Enquanto o desprezávamos por ter sido esquecido de Deus,<br>ele nos aproximava de nosso inimigo <br>e fazia com seu sangue a paz<br>Acabou!</p>
<p>Onde está a morte, onde está o poder da morte?<br>Ele desmoralizou as trevas<br>E pagou em si mesmo o resgate por nossa liberdade<br>Esse preço jamais poderíamos pagar<br>Quem de nós suportaria o peso da justa ira de Deus?<br>Quem de nós corresponderia a sua lei com perfeição?<br>Nenhum!</p>
<p>Mas, agora, nele, estamos livres<br>Ali, pendurado, estava Cristo<br>Pendurado estava o mentiroso<br>Erguido do chão estavam os arrogantes e os devassos<br>Exposto em vergonha estava a prostituta, o travesti, os homossexuais<br>Hasteados estavam os assassinos, os falsos, os blasfemos<br>Todos os seus filhos, suas ovelhas perdidas, seus pequenos vacilantes<br>Os pobres de espírito, por quem ele se esvaziou até os tornar ricos<br>Todos ali morrendo com ele e ressuscitando com ele ao terceiro dia!</p>
<p>Que graça insondável, perdão escandaloso, dádiva assombrosa<br>A notícia da paz com Deus feita por meio de Cristo <br>é boa demais pra ser verdade<br>Mas, bem aventurados os que creem nessa notícia<br>Felizes os que acreditam no precioso evangelho de Cristo<br>e no sublime bem entregue aos pecadores pra glória de Deus<br><br>Já não há mais condenação pra estes, tudo foi consumado<br>O perdido, encontrado e o rebelde trazido de volta ao seu lar</p>
<p>Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito<br>Ele nos entregou nas mãos do pai<br>E quem nos arrebatará dessa segurança eterna?<br>Que cantem os justos e se alegrem os redimidos<br>Cristo é nosso sublime bem<br>Amém</p>